Golpe da Compras e Vendas de Veículos
Existem numerosos golpes envolvendo de alguma maneira
compras e vendas de veículos (carros, motos, caminhões etc...). Normalmente
este golpes causam prejuízos relevantes e por isso é importante divulgar a
informação preventiva para evitar, pelo menos, os casos mais comuns.
Veículo Fantasma
O esquema é bastante simples, mesmo existindo um certo
número de variantes. Os golpistas anunciam veículos com preços e condições
muito atrativas pela internet, em jornais (classificados) ou até em canais de
rádio e TV (locais ou a cabo). Nas condições quase sempre é prevista uma entrada
de 10% a 20% do valor do veículo e prestações pequenas, a perder de vista, com
juros baixos ou inexistentes.
Quando a vítima entra em contato, informam que o veículo se
encontra numa localidade bastante remota (se o comprador for de São Paulo o
veículo estará na Bahia, e vice-versa), mas que pode ser entregue em qualquer
parte do Brasil sem custos. Oferecem numerosas fotografias do veículo e, se o
comprador insistir dizem que, sem problemas, poderá viajar para o lugar onde o
mesmo se encontra, para ver ou vistoriar ele.
De qualquer maneira, após os primeiros contatos e após ter
enviado fotos e detalhes, independente da vítima ter optado ou não por viajar
para ver o veículo, os golpistas informarão que receberam uma oferta de outro
interessado e estão preste a fechar a venda daquele veículo a menos que alguém
outro faça imediatamente um depósito (normalmente o valor da entrada) para
bloquear a oferta e assegurar preferência no negócio.
Para não perder a oportunidade a vítima acaba fazendo o
depósito solicitado, sempre numa conta corrente de pessoa física. Logo após
realizar o depósito os golpistas param de atender o telefone e normalmente
desaparecem. A vítima nunca receberá o veículo, que normalmente nem existia.
Veículo de Funcionário de Montadora
O golpista, freqüentemente através de anúncios, mas também
por indicação direta de conhecidos (ver matéria sobre terceirização de
credibilidade), declara ser funcionário de uma montadora (ou ter contato com
algum funcionário de uma montadora) e ter, por isso, a possibilidade de comprar
veículos diretamente na fábrica com “desconto para funcionários”.
O teatro envolve às vezes visitas a fábrica, onde aparece
realmente alguém, se passando por funcionário, saindo da mesma ou esperando em
frente ou na entrada ... e sempre confirmando integralmente a tal oportunidade.
Mostra documentos (falsos) comprovando quanto afirma,
tabelas de preços e modalidades de compra e diz que, em função do desconto, o
pagamento para a fábrica deve ser adiantado e deve sair da conta do funcionário.
Em alguns casos diz que existe a possibilidade de receber o carro através do
pagamento de um sinal (sempre consistente) e o resto será parcelado sem juros.
O objetivo é sempre convencer a vítima a realizar um pagamento adiantado (o
valor do carro ou do sinal) para que seja efetivada a operação.
Na realidade não existe funcionário algum, nem carros com
desconto e, uma vez realizado o pagamento, os golpistas, como sempre,
desaparecem sem deixar rastros.
Veículo Apreendido
Nesta modalidade os golpistas apresentam a possibilidade de
adquirir abaixo do preço de mercado motos ou carros apreendidos por autoridades
ou que irão a leilão por alguma razão (falências, financiamentos cancelados,
excesso de multas...). Leia a matéria sobre fraudes com bens apreendidos para
maiores detalhes.
Veículo em Consórcio Contemplado
Os golpistas declaram ter a possibilidade de vender um
consórcio contemplado para um determinado veículo, ou seja um veículo com
financiamento em condições muito vantajosas. Para tanto é sempre necessário
realizar um pagamento adiantado para adquirir o consórcio. Leia a matéria sobre
golpes com consórcios contemplados para maiores detalhes.
Veículo em Consignação
Este golpe é normalmente conduzido por lojas, revendas ou
concessionárias de veículos. O primeiro contato acontece muitas vezes como
conseqüência de um anúncio de venda do veículo, ao qual responde um
representante de uma loja alegando ter clientes interessados na compra. Em
seguida a loja convence o proprietário de um veículo a deixar o mesmo em
consignação para venda, alegando que com o veículo consignado na loja a venda
será mais rápida e por valor maior.
A partir deste momento alguns golpes diferentes podem ser
praticados.
1) A loja encontra interessados em comprar o veículo, pega a
documentação deles e dá entrada em financiamentos (deixando o veículo como
garantia). Depois diz aos interessados que o credito não foi aprovado e embolsa
o dinheiro, deixando um vinculo no veículo.
2) O veículo é vendido sem a documentação, ou seja ficando
em nome do proprietário original que o deixou consignado, e a loja fica com o
valor da venda.
3) O veículo desaparece da loja, sendo que foi vendido com
documentação falsa ou através de procuração falsa ou com outros meios
fraudulentos. Em alguns casos o veículo é até vendido para desmanches
clandestinos. Nestes casos também a loja fica com o valor integral da venda.
Veículo Barato
Este esquema é bastante elaborado, e lastreado em outros
golpes. Os golpistas anunciam veículos novos ou seminovos por um valor muito
abaixo do valor de mercado (menos da metade do valor normal, às vezes até um
quarto). A razão deste preço está no fato que o veículo foi comprado,
normalmente em outro estado, com um financiamento bancário dividido em parcelas
que nunca vão ser pagas.
Por dinheiro, algum “laranja” emprestou o nome para fazer o
financiamento e, às vezes, existe até o envolvimento de funcionários de
concessionárias. Em alternativa o financiamento foi feito através de documentos
clonados ou falsificados, neste caso configurando estelionato. Como o
financiamento não vai ser pago e tudo o que for conseguido na venda é lucro, o
carro pode ser “revendido” por qualquer preço.
O único problema é que o veículo não pode ser legalmente
transferido, pois, normalmente, existe vínculo em favor da financeira ou banco.
Para esta problema os vendedores arrumar as desculpas mais variadas, em alguns
casos até contam uma meia verdade, ou seja que se trata de um financiamento e
até o fim do mesmo o veículo deve ficar no nome de quem fez o financiamento.
Fora isso é entregue a documentação completa do veículo o qual pode circular
tranqüilamente.
O ponto de força dos golpistas está no fato que até as
financeiras cumprirem todos os procedimentos legais de cobrança, abrirem um
inquérito policial (quando for o caso de documentos falsificados) ou entrarem
na justiça, e até sair o mandado de busca e apreensão e o veículo ser
localizado, leva muito tempo. Em média dois anos, ou até mais.
Existem golpistas que até oferecem a troca do veículo por um
novo após este período, para evitar que o “cliente” corra o risco de passar por
uma apreensão.
Participando deste esquema o “comprador” na realidade não
está comprando o veículo (que nunca será dele) mas sim participando das ações
de uma quadrilha, o que pode acarretar sérios problemas, bem além da simples
apreensão do veículo.
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