Definição e prevenção sobre Pirâmide e Esquema Ponzi
Esquema Ponzi: entenda a origem, o que é pirâmide financeira e relembre casos famosos
Esquema envolve troca de dinheiro em ofertas
atrativas, mas sem qualquer produto ou serviço entregue
Nada
incomum, o esquema Ponzi já levou a dezenas de fraudes e prisões ao redor do
mundo, com promessas de retornos extraordinários e rápidos. Um dos golpes mais
famosos foi arquitetado por Bernard Madoff, ex-presidente da Nasdaq e
financista responsável pela maior fraude financeira da história dos Estados
Unidos.
O que pouca
gente sabe é o caso que dá nome ao esquema remonta ao início do século XX e
pode ser usado para entender como a fraude funciona.
O
esquema de Charles Ponzi
Charles
Ponzi foi o precursor das pirâmides financeiras. Ele criou o chamado “esquema
Ponzi”, que é a origem dos famosos e atuais “ganhe dinheiro fácil pela
internet”.
Nascido em
1882, na Itália, Ponzi imigrou para os Estados Unidos em 1903 e tornou-se um dos
maiores trapaceiros da história.
Ponzi
entrou no ramo de empréstimos prometendo juros de 50% em 45 dias ou de 100% em
90 dias. Ele pagava juros elevados aos investidores mais antigos com o dinheiro
que ganhava dos novos e ainda usava parte do dinheiro para investir em cupons
de selos postais, que eram adquiridos com baixo custo em outros países e
revendidos por muito mais nos EUA, o que o ajudava também a pagar os clientes.
No entanto,
se ele parasse de conseguir novos investidores, sua corrente entrava em colapso
na mesma hora. E foi o que aconteceu.
Em 1920, o
jornal Boston Post decidiu investigar o esquema por desconfiar do alto juro
pago a tantas pessoas. Quando o especialista contratado pelo jornal descobriu
que deveriam existir mais de 160 milhões de cupons em circulação para cumprir
as promessas de Ponzi, mas só tinham 27 mil rodando, a notícia se espalhou e
todos os seus clientes pediram o dinheiro de volta na mesma hora, o que o levou
à prisão por diversas vezes em vários estados do país.
Ponzi
faleceu em 1949, no Brasil, sem nada, na miséria, em um abrigo de indigentes.
O
que é pirâmide financeira
A pirâmide
financeira é um modelo comercial não sustentável, caracterizado como fraude e
muitas vezes mascarado sob o sistema de “marketing multinível”.
A prática
de pirâmide financeira é proibida no Brasil e configura crime contra a economia
popular, segundo a Lei 1.521/51.
O esquema
envolve a troca de dinheiro pelo recrutamento de outras pessoas ou, por
exemplo, por postagens diárias de anúncios publicitários da empresa na
internet, sem qualquer produto ou serviço ser entregue.
Pirâmide
financeira X Marketing multinível
As pessoas
não devem misturar a pirâmide financeira com o marketing multinível, ou de
rede, que é uma prática legal.
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A principal
diferença é que as pirâmides prometem ganhos rápidos de dinheiro com pouco ou
nenhum esforço. O foco para sustentar o negócio não é a venda de um produto ou
serviço e sim a adesão de novas pessoas no esquema que realizam um investimento
inicial.
Isso se
torna possível porque muitas empresas que aplicam esse golpe utilizam a
estrutura comercial de um negócio autêntico e legal, possuindo toda a
documentação e registro como se fosse uma empresa legalizada de marketing
multinível. Elas montam planos de compensação, muitas vezes criam um produto de
fachada só para se passarem por empresas legítimas, mas não são. No final das
contas tem um sistema que não se sustenta e poucos ganharão muito dinheiro e
muitos perderão.
É com esse
investimento que o esquema paga os lucros prometidos e se mantém firme enquanto
houver a entrada de novos participantes na estrutura. Quando ocorre a
estagnação de novos participantes, o negócio torna-se insustentável e começa a
ruir. É neste momento que o negócio deixa de ser legal e passa a mostrar sua
verdadeira face, trazendo enormes prejuízos para os que entraram por último.
Já o
marketing multinível é uma forma legal de remunerar a força de vendas, seja
pelas suas vendas pessoais, bem como pelas vendas realizadas pelos membros de
sua equipe.
Os
profissionais recebem o lucro das vendas pessoais e uma participação do volume
de vendas realizadas pela sua equipe, conforme o plano de compensação da
empresa.
Resumindo,
se a empresa faz o marketing de rede, mas contém um patrimônio líquido de
garantia real que sustenta a operação, ao invés de utilizar os clientes novos
para pagar os antigos, a ação não é configurada como pirâmide financeira, pois
não tem risco.
Casos
famosos
Já
existiram muitos casos de pirâmide financeira no mundo, mas, entre eles, três
ficaram marcados na história. São eles: Bernard Madoff, Maria Branca dos Santos
e Telexfree.
Bernard
Madoff
Nascido em
1938, em Nova York, Madoff foi o presidente de uma sociedade de investimento,
fundada em 1960, que levava o seu nome, e foi uma das mais importantes de Wall
Street, sendo uma das cinco que impulsionaram o desenvolvimento do Nasdaq, onde
trabalhou também como coordenador-chefe do mercado de valores.
Ele operou
um sistema piramidal por décadas que movimentou mais de US$ 65 bilhões. Seus
crimes iam desde a pirâmide financeira, inspirada no “esquema Ponzi”, até
fraudes eletrônicas e lavagem de dinheiro.
Seus crimes
foram descobertos não por um jornal, mas sim por um cidadão chamado Harry
Markpolos, que estranhou o esquema conseguir pagar rendimentos tão altos aos
seus investidores.
Após várias
denuncias que não deram em nada e não foram provadas por Harry, os próprios
filhos de Madoff o levaram à polícia, pois não aguentarem mais ver seu pai
pagar bônus milionários a seus investidores sendo que ele estava com
dificuldades em pagar as contas de casa.
Em junho de
2009, Madoff foi condenado a 150 anos de prisão em Nova York. Seu filho, Mark
Madoff, de 46 anos, se suicidou em 2010, e seu irmão, Peter Madoff, foi
condenado a 10 anos de prisão por cumplicidade no “esquema Ponzi”. Madoff
morreu na prisão em abril de 2021, aos 82 anos
Telexfree
Outro caso
notórios foi o da empresa de anúncios e tecnologia VOIP (telefonia via
internet), TelexFree, que após mais de 10 anos em operação, foi denunciada pela
Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, dando início a
um emaranhado de processos que se arrastam até hoje.
A empresa
oferecia ligações de longa distância mais baratas pela internet e prometia
ganhos de dinheiro fácil para quem publicasse anúncios e trouxesse novos
clientes. No entanto, essa remuneração não tem a fonte de recurso que o
sustente, só se mantendo enquanto o volume dos recursos de novas adesões for
suficiente para remunerar os anteriores.
Ou seja, a
maior parte do faturamento da empresa vinha de investimentos de novos
participantes no esquema e não de produtos de telefonia, como seria o correto
para caracterizar-se uma atividade de marketing multinível e não de pirâmide
financeira.
O esquema
da companhia era dirigido pelo americano James Merrill e o brasileiro Carlos
Wanzeler. Os dois eram sócios e, em 2012, abriram a Telexfree nos Estados
Unidos. Eles são acusados de fraude e de operar um produto financeiro sem
autorização.
Dona
Branca
Conhecida
como a “banqueira do povo”, em Portugal, Maria Branca dos Santos oferecia um
serviço de poupança com um juros muito mais atraente que aqueles oferecidos
pelos bancos.
Em uma
época de economia extremamente fraca no país, nos anos 50, o negócio de Dona
Branca chamou a atenção e muitas pessoas começaram a deixar todo seu dinheiro
com ela, para conseguir a alta taxa de juros no futuro. A fartura de dinheiro
em caixa permitiu que ela começasse a fazer empréstimos a juros altíssimos.
No entanto,
o dinheiro que ela recebia não era investido e não rendia, sendo que ela
oferecia um rendimento de 10% ao mês contra 30% ao ano oferecido pelos bancos.
Não tinha como dar certo para sempre, apesar de ter funcionado por três
décadas.
Também foi
uma investigação de jornal que acabou com seu esquema. Após seus métodos serem
investigados e publicados, as pessoas se revoltaram e foram atrás de seu
dinheiro de volta. Dona Branca acabou presa e depois faleceu, deixando viva a
sua história na novela “A Banqueira do Povo”.
Como
evitar fraudes?
Golpes
envolvendo aplicações financeiras são comuns e é importante se prevenir para
evitar prejuízos. A CVM possui uma cartilha com recomendações que o
investidor deve seguir antes de confiar seus recursos nas mãos de uma empresa
ou uma terceira pessoa. Confira os principais pontos:
- Estude e procure conhecer o mercado. A
formação do investidor é uma atividade permanente.
- Desconfie de promessas de retornos
elevados com baixo risco.
- Apenas instituições financeiras
autorizadas podem oferecer operações no mercado de valores mobiliários.
Verifique sempre o ofertante/intermediário no site da CVM.
- Agentes autônomos de investimento devem
ser contratados por intermédiário registrado na CVM e atuando na
distribuição e mediação de valores mobiliários.
- Não há necessidade de registro na CVM
para oferecer cursos em mercado de capitais, mas esse é um método muito
utilizado por pessoas que não têm autorização para atuar na intermediação,
de modo a se aproximarem do público e oferecerem seus serviços. Corretoras
e outras instituições autorizadas a intermediar operações no mercado podem
oferecer cursos e, concomitantemente, intermediar operações no mercado.
- Tenha certeza de que entendeu os riscos e
as características do investimento antes de investir.
- Proteja suas informações e acompanhe suas
operações
- Enfrentando problemas, utilize os meios
de defesa postos à disposição do investidor. Em caso de irregularidades,
apresente sua denúncia ou reclamação à CVM ou procure os órgãos do Sistema
Nacional de Defesa do Consumidor (Procons, Ministério Público, Defensoria
Pública e Entidades Civis de Defesa do Consumidor).
Por Equipe InfoMoney14 abr 2021 13h09
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